A Ana Cristina Leonardo não se lembra de como tudo começou. Um dia começou a escrever no blogue, gostou, achou graça. Noutro, teve de refazer tudo porque estava desformatado e continuou. Acha piada escrever num espaço em que é livre de dizer o que quer e como quer, embora nem sempre diga tudo o que pensa. Não vejo nenhuma incompatibilidade, pois escolher não dizer o que pensa também é um acto de liberdade. O João Gonçalves, por seu lado, lembra-se de como tudo começou. Estava em 2003 e leu um artigo de Pacheco Pereira em que falava da blogosfera e do Abrupto. Seguiu os três passos e começou a escrever. Escreve o que pensa, sem restrições.
Falámos sobre o mau feitio que se distingue do mau carácter, da má formação; sobre o humor quase inexistente na blogosfera, com excepções apontadas por cada um para The Braganza Mothers (JG), Imprensa Falsa, e O Senhor Comentador (ACL); sobre as polémicas blogosféricas que não são nada polémicas, mas apenas chorrilhos de insultos e comentários parvos; e sobre o artigo de Pacheco Pereira em que critica o recrutamento de candidatos a deputados na blogosfera. Sobre este tema, ACL referiu que não havia nenhuma diferença entre a escolha ser feita na blogosfera ou noutro sítio qualquer e JG mencionou que o pior que se podia ser era deputado, por isso também não via qualquer problema neste ponto. Ainda a propósito do mau feitio, JG fez uma breve alusão às pessoas boazinhas que podem arruinar a sua vida e a dos outros. Deu como exemplo o Grande Bonzinho, António Guterres, que nos trouxe, também ele, ao estado caótico em que estamos. Penso que ficou por fazer uma distinção entre os bonzinhos inúteis e as boas pessoas. Pegando um pouco na definição de ACL, que disse que «ter feitio» é hoje um sinónimo, e erradamente, de «mau feitio», diria que uma boa pessoa não tem mau feitio nem é boazinha. Talvez a diferença tenha ficado implícita na discussão sobre mau feitio.
Nem ACL nem JG gostam do Twitter ou do Facebook. ACL acha ridículo que pessoas que não se conhecem sejam «amigas» no Facebook e JG afirmou que não prestava atenção nem a uma rede social nem à outra, e que as usava sobretudo como meio de divulgação dos seus posts. Não gosta que Cavaco Silva use o Facebook como meio para falar ao País. Ambos preferem o blogue porque preferem escrever.
O público interveio com entusiasmo e à-vontade. A conversa foi variada: desde a violência das observações nas caixas de comentários, que fazem temer o pior sobre as verdadeiras intenções das pessoas que os escrevem, o iPhone ou o conhecimento perigosamente centrado no Google, ao pupilar dos pavões. Ninguém se queria ir embora.
Agradeço a presença de todos. No dia 26 de Maio há mais!
Carla Quevedo
Almedina do Atrium Saldanha, dia 28 de Abril, às 19h
Apresentações e recomendações de Ana Cristina Leonardo e João Gonçalves
Nasci numa terra pícara de gente ligada ao mar, o que, sendo eu fervorosa adepta da genética e da geografia, talvez explique muita coisa. Estudei filosofia mas troquei-a por uma paixão no estrangeiro justificada sem remorsos com o Borges: “A metafísica é um ramo da literatura fantástica”. Trabalhei na Assírio & Alvim. Andei por revistas e jornais e escrevi uma história infantil. Traduzo, leio livros, tenho três filhas e uma cadela. Gosto de pensar que também a mim um anjo disse: “Vai, Ana! ser gauche na vida”.
Recomendações:
Lev Tolstoi, Anna Karénina, Relógio D'Água
Malcolm Lowry, Debaixo do Vulcão, Relógio D'Água
José Cardoso Pires, O Delfim, Dom Quixote
Mohamed Leftah, As Meninas da Numídia, Quetzal
J D Salinger, Nove Contos, Difel
Nasceu em Lisboa. Licenciou-se em direito na Universidade Católica Portuguesa e exerce a profissão de jurista. Foi membro do conselho directivo do Teatro Nacional de São Carlos entre 2002 e 2003. Colaborou no Semanário, no O Independente e no i . Subscreveu o Manifesto Reformador, em 1979, e aderiu ao PSD em 1983, partido que abandonou em 2004. Participou em blogues colectivos no âmbito da campanha presidencial de Cavaco Silva, em 2005 e 2006, sobre a interrupção voluntária da gravidez, em 2007, e de apoio à candidatura de Paulo Rangel ao PE em 2009. Mantém, desde Junho de 2003, o blogue Portugal dos Pequeninos. É autor dos livros Portugal dos Pequeninos, 2009, e Contra a literatice e afins, 2011. Prepara um outro livro sobre Jorge de Sena. Pessoalmente, nada do que possa dizer sobre si mesmo tem a menor relevância cósmica pelo que segue o lema do escritor e ensaísta norte-americano Gore Vidal: “I am not my own subject”. Publicamente, afirma-se próximo de um vago anarquismo de direita (uma coisa que não existe), considera o Papa a figura mundial mais interessante e estimulante dos nossos tempos, não descortina grandeza nas elites portuguesas contemporâneas, desconfia do chamado meio cultural português que considera uma falácia, admira dois ou três autores de língua portuguesa, a maior parte deles mortos, é ferozmente contra o acordo ortográfico, despreza comentadores que transformam pessoas e casos insignificantes em acontecimentos nacionais a começar por eles, odeia futebol e demais derivados pelo que deve ser dos poucos portugueses que nunca leu um jornal desportivo – nem mesmo A Bola que, dizem, era um modelo de jornalismo escrito quando era viva -, não tem o menor temor reverencial pelo jornalismo pátrio, sempre pronto a vender-se a quem pagar melhor, desconfia do humano que é quem mais coloca em causa a dignidade humana, em suma, e para citar o já referido Jorge de Sena – de quem acaba de publicar-se as chamadas “intervenções políticas” e afins entre 1959 e 1978, ano da sua more precoce -, mantém o desejo secreto de permanentemente «exprimir o que entende ser a dignidade humana – uma fidelidade integral à responsabilidade de estarmos no mundo», uma «fidelidade à desconfiança e ao doloroso desprendimento com que tudo deve ser considerado.»
Recomendações:
Tony Judt, Um Tratado sobre os Nossos Actuais Descontentamentos, Edições 70
Roger Scruton, As Vantagens do Pessimismo, Quetzal
Pedro Mexia, Menos por Menos, Dom Quixote
+ uma recomendação de Carla Quevedo:
Nesta quarta-feira, dia 27 de Abril, às 19H00
Na Livraria Almedina do Atrium Saldanha, em Lisboa
sobre
Enciclopédia da Estória Universal
de Afonso Cruz
(com a presença do autor)
LEITURA PARALELA:
Ficções, Jorge Luís Borges
Moderadora: Filipa Melo
Há 5 anos, 42 autores e 132 livros, que...
Lemos como uma forma de resistência...
Lemos como uma forma de partilha...
Reivindicamos o direito à comunhão através da leitura...
Em cada sessão, recebemos novos leitores para novos livros e novos autores.
É a mais antiga Comunidade de Leitores activa numa livraria portuguesa, afirmando-se como o espaço por excelência de todos aqueles que gostam de ler e conhecer pessoalmente os autores da literatura portuguesa contemporânea. Desde Março de 2006, na Livraria Almedina Atrium Saldanha, a Comunidade de Leitores Almedina, coordenada e moderada pela jornalista e escritora Filipa Melo e composta por um grupo heterogéneo de pessoas, reúne-se para, num ambiente informal, partilhar a experiência de leitura prévia de um livro de ficção. Para, em conjunto, o reler em voz alta, analisar, discutir e relacionar com outras leituras paralelas e com a experiência de vida de cada um.
Na última sessão de cada mês, estará sempre presente o autor em destaque.
Café e Letras – Comunidade de Leitores, sempre na primeira e última quartas-feiras de cada mês
Quinta-feira, 28 de Abril, às 19H00
Ana Cristina Leonardo (Meditação na Pastelaria)
e
João Gonçalves (Portugal dos Pequeninos)
Moderadora: Carla Quevedo
Não é saudável conversar com fantasmas.
Manuel Mujica Láinez
CAFÉ DOS BLOGUES, sempre na última quinta-feira de cada mês
Que tal sairmos de frente do ecrã e conversarmos de viva voz? O Café dos Blogues é o ponto de encontro de bloggers, facebookistas, twitteiros e leitores. Na última quinta-feira de cada mês, os assuntos mais falados nos blogues e nas redes sociais serão debatidos por dois convidados. Em cada sessão falaremos ainda de temas que preocupam os intervenientes nos novos meios de comunicação online, como o seu uso, a liberdade de expressão e o anonimato. Mas a conversa não fica pela mesa. O público é convidado a enviar as suas perguntas para bloguedoscafes@sapo.pt ou a colocá-las em presença e a viver a experiência esquecida de falar cara-a-cara com outras pessoas. Café dos Blogues: uma conversa de carne e osso, com coordenação e moderação de Carla Quevedo (Bomba Inteligente).
Coordenadores/Moderadores: Manuela Harthley e Nuno Nabais
Hoje, quarta-feira, dia 20 de Abril, às 19H00
Na Livraria Almedina do Atrium Saldanha, em Lisboa
discute-se:
A ANGÚSTIA
Nas ruas de Atenas, no século V antes de Cristo, Sócrates discutia Filosofia com qualquer pessoa interessada. No início do século XX, Sigmund Freud revelou como a verdadeira luta pela vida depende da ligação entre o nosso mundo interior e a sociedade onde nascemos. Hoje, pergunta-se: qual é a verdadeira utilidade da Filosofia e da Psicanálise? A partir da abordagem de temas genéricos e das grandes questões da vida, o Café do Eu propõe-lhe que participe num confronto fértil entre conceitos e perspectivas das duas áreas de saber. Explicados e discutidos de uma forma próxima e acessível. Sem que ao público seja requerido qualquer treino ou formação específica, apenas o desejo de escutar ou partilhar pensamentos, emoções e experiências de vida. Num ambiente aberto e confortável, vamos praticar o prazer de perguntar, estimular o diálogo e o pensamento crítico e iluminar ideias. No Café do Eu, com coordenação e moderação da psicanalista Manuela Harthley e do filósofo Nuno Nabais.
O sentimento de si é confuso e, no entanto, ele é absolutamente certo.
FERNANDO GIL
CAFÉ DO EU, sempre na terceira quarta-feira de cada mês
Sessão seguinte:
A INVEJA
18 de Maio, às 19h.
Convidamo-lo a estar presente
no próximo
Café e Letras
Nós e os Clássicos
Nesta quinta-feira, dia 21 de Abril, às 19H00
Na Livraria Almedina do Atrium Saldanha, em Lisboa
Crime e Castigo
Os Irmãos Karamázov
Fiódor Dostoiévski
por
Nina Guerra e Filipe Guerra
(tradutores)
Moderadora: Filipa Melo
Porquê ler os clássicos?
Qual a relação possível entre os grandes livros e as grandes questões da actualidade?
O contacto com os grandes textos clássicos pode ser uma aventura mental e afectiva, uma relação viva e transmissível. A prova faz-se uma vez por mês na livraria Almedina do Atrium Saldanha. Em cada sessão de Nós e os Clássicos, com coordenação e moderação da jornalista e escritora Filipa Melo, um leitor especialista fala do seu gosto por um título clássico de ficção ou pensamento, como herança universal sem tempo e motor de mudança do entendimento do homem sobre a realidade e a imaginação. Nas próximas sessões, abordaremos a obra de Charles Baudelaire, Saul Bellow e Fiódor Dostoiévski. À procura de sinais do passado no presente, em análise e em relação com outras leituras e com a experiência de vida de cada um. Nós e os Clássicos: livros excepcionais apresentados por leitores excepcionais.
Um clássico é um livro que nunca acabou de dizer o que tem a dizer.
ITALO CALVINO
Nesta quarta-feira, dia 13 de Abril, às 19H00
Na Livraria Almedina do Atrium Saldanha, em Lisboa
A soberania que sobra
Com
António Costa Pinto (politólogo)
e
Pedro Lomba (jurista, cronista)
Moderador: Pedro Mexia
Discussões sobre política não faltam: em fóruns radiofónicos, nos transportes públicos, em família. Mas nesta tertúlia mensal sobre política não queremos confrontar embirrações, palpites ou estados de espírito. A política não é puramente casuística, depende de leis, ideologias, tendências, propostas, e há quase sempre textos que enquadram ou antecipam as grandes decisões e as grandes polémicas. Sem preocupação estrita de acompanhar as novidades editoriais, o Café da Política vai ter em atenção o que escrevem os especialistas, para que o debate político não se faça no vazio, e para que a política se revele ser, afinal, sobre a nossa vida. Café da Política, com coordenação e moderação de Pedro Mexia.
Café da Política, sempre na segunda quarta-feira de cada mês
A política é uma pedra atada ao pescoço da literatura. [...]
A política é um tiro a meio de um concerto.
STENDHAL
Dia 7 de Abril, às 19H00
Na Livraria Almedina do Atrium Saldanha, em Lisboa
Estará o conceito de família a desaparecer?
Com moderação de Nuno Belo
Advogado, vogal da Comissão de Combate à Procuradoria Ilícita
Formador de Deontologia Profissional do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados.
Autor do Guia “Família”, da Almedina.
Essencial à vida em sociedade, o Direito define direitos e deveres entre as pessoas e visa a resolução de conflitos de interesse. Onde está a sociedade, ali está o direito. Mas como pode um leigo ter pleno conhecimento dos seus direitos e deveres de forma a viver melhor com os outros e a tomar as melhores decisões relativamente à sua vida? As respostas passam pelo Café dos Direitos, espaço de informação jurídica relevante para o cidadão comum, exposta por especialistas de forma actual, rigorosa e acessível, com coordenação de Edgar Valles, advogado, formador do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados na área do Processo Civil, responsável pelo consultório jurídico do Público Online e autor de vasta bibliografia na área do Direito. Do trabalho à família, ao consumo, à segurança social, ao arrendamento ou aos impostos...
Todas as suas perguntas têm resposta. No Café dos Direitos, ciclo de formação livre para defesa dos direitos do cidadão.
Café dos Direitos, sempre na primeira quinta-feira de cada mês
Tomarei por direito o fio de prumo e por justiça o nível de igualdade.
Isaías
Coordenação: Edgar Valles
Sessão seguinte:
4 de Maio, às 19H00
Como manter relações de boa vizinhança?
Com moderação de José Castelo
Advogado, ex-coordenador da secção «Escrever Direito», do Diário de Notícias.
Autor dos guias “Condomínio” e “Arrendamento”, da Almedina.
CAROS MEMBROS DA COMUNIDADE DE LEITORES ALMEDINA
Por motivos de força maior, a sessão de hoje, dia 6, da Comunidade foi adiada para a próxima segunda-feira, dia 11, às 19h.
Pedimos desculpa pelo incómodo.
Abraço da
Filipa Melo
Nesta quinta-feira, dia 7 de Abril, às 19H00
Na Livraria Almedina do Atrium Saldanha, em Lisboa
Estará o conceito de família a desaparecer?
Com moderação de Nuno Belo
Advogado, vogal da Comissão de Combate à Procuradoria Ilícita
Formador de Deontologia Profissional do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados.
Autor do Guia “Família”, da Almedina.
Essencial à vida em sociedade, o Direito define direitos e deveres entre as pessoas e visa a resolução de conflitos de interesse. Onde está a sociedade, ali está o direito. Mas como pode um leigo ter pleno conhecimento dos seus direitos e deveres de forma a viver melhor com os outros e a tomar as melhores decisões relativamente à sua vida? As respostas passam pelo Café dos Direitos, espaço de informação jurídica relevante para o cidadão comum, exposta por especialistas de forma actual, rigorosa e acessível, com coordenação de Edgar Valles, advogado, formador do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados na área do Processo Civil, responsável pelo consultório jurídico do Público Online e autor de vasta bibliografia na área do Direito. Do trabalho à família, ao consumo, à segurança social, ao arrendamento ou aos impostos...
Todas as suas perguntas têm resposta. No Café dos Direitos, ciclo de formação livre para defesa dos direitos do cidadão.
Café dos Direitos, sempre na primeira quinta-feira de cada mês
Tomarei por direito o fio de prumo e por justiça o nível de igualdade.
Isaías
Coordenação: Edgar Valles
Sessão seguinte:
4 de Maio, às 19H00
Como manter relações de boa vizinhança?
Com moderação de José Castelo
Advogado, ex-coordenador da secção «Escrever Direito», do Diário de Notícias.
Autor dos guias “Condomínio” e “Arrendamento”, da Almedina.
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