Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2011

Café do Eu, por Nuno Nabais

 


 

Todo o trabalho de clarificação dos conceitos se faz construindo novos conceitos.Nem sempre isso  significa que tenhamos que inventar um novo léxico. Pensar, por exemplo,  a "beleza", a "felicidade",  a "justiça" ou  "democracia", pode implicar simplesmente redistribuir sinónimos, estabilizar oposições, tornar mais sofisticadas as nossas classificações. Mas o que leva alguns a ler os clássicos é a necessidade de reinvenção da própria língua em que pensamos. De Platão e Aristóteles a Wittgenstein, Freud ou Deleuze, atravessando tradições e traduções, foram-se depositando nos nossos dicionários palavras sem as quais já não saberíamos viver, como "ideia", "substância", "estado de coisas", "superego" ou "acontecimento". Quer reformulando termos comuns, quer visitando a biblioteca universal, o trabalho da criação de conceitos é absolutamente solitário. Ele vem sempre acompanhado de um sentimento de si íntimo, que mobiliza no acto de compreensão  todas as nossas memórias e afectos. E, ao mesmo tempo, esse trabalho é sempre colectivo. Um conceito só significa algo se puder ser partilhado por uma comunidade. O objectivo do Café do Eu, ao revisitar, no espaço de uma livraria, alguns dos grandes conceitos que atravessam o fundamental das nossas vidas, é facilitar esse confronto entre a solidão do Eu, a universalidade dos clássicos, e a confusão do Nós.
NN

 

publicado por bloguedoscafes às 19:53
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3 comentários:
De Pedro a 16 de Fevereiro de 2011
Bom dia,

O Blogue dos Cafés está em destaque nos Blogs do SAPO, em http://blogs.sapo.pt

Parabéns e boa continuação!

Pedro
De Amigos do Concelho de Aviz a 16 de Fevereiro de 2011
A cultura deve ser preservada a todo o custo. Por isso peço desculpa por vir ocupar este espaço que é seu para, juntos, divulgarmos os IX JOGOS FLORAIS DE AVIS, cujo regulamento já se encontra disponível em www.aca.com.sapo.pt em “destaques”.
Obrigado.
Fernando Máximo/Avis
De carlos a 19 de Dezembro de 2011
Não tanto a linguagem ou as palavras. Talvez se possa fazer filosofia ou pensar sem palavras. Se leio filósofos, mais do quaisquer outros, é por me arrastarem. Sou possuído e volto modificado, é pela sensualidade que se torna possível pensar, não pelas palavras. Nem pelos discursos, nem pela comunicação. E assim também não sinto que seja por uma partilha que se funciona ou que se penetra num comum, numa comunidade. Será sim por um extremo, por um passar dos limites, um saltar o muro, é pela invenção dum novo mundo que se constrói um comum. A construção será assim sempre revolucionária, sempre um devir. Um materialismo absoluto do devir. Da Revolução. Que outra práxis faz sentido nos tempos que correm?...

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